domingo, 17 de abril de 2011

BANDEIRA TRIBUZI


TRIBUZI: UM POETA COMPLETO
Antônio José Maciel Soares[1]
José Neres[2]
Fonte da imagem: internet

      Na literatura brasileira, há muitos autores que mereceriam um maior reconhecimento por parte do público e da crítica. São escritores que, apesar do imenso talento, não são devidamente divulgados em todo o território nacional e acabam sendo vistos como talentos apenas regionais, quando em verdade apresentam qualidades suficientes para serem postos em categorias mais elevadas. Entre esses nomes, pode ser citado o de José Tribuzi Pinheiro Gomes, literariamente conhecido como Bandeira Tribuzi.
Tribuzi, escritor, jornalista, orador, professor e poeta maranhense, nascido em 02.02.27 e falecido em 08.09.77, figura entre os maiores nomes da poesia maranhense. ele escreveu “Alguma Existência”, “Rosa da Esperança”, “Safra”, “Sonetos”, “Pele e Osso” e “Íntimo comício”, entre outros.
Ele muito contribuiu para que a poesia maranhense, num tempo em que ainda se cultivava a forma parnasiana, num contexto em que a Semana de 22 não conseguia penetrar, fosse modernizada, contribuindo para novos caminhos no que se refere a padrões estéticos literários, mas  sem a intenção e pretensão de formar escola.
Como muitos poetas, Tribuzi não deixou de retratar também em suas obras a injustiça social, podendo ser visto também como um poeta engajado. Sua imensa capacidade administrativa, levou-o  ao cargo de assessor de governo, com uma militância acima de tudo poética contemplando os menos favorecidos, pois Tribuzi ao chegar de Portugal, onde estudava, ficou chocado com a pobreza em que vivia o povo maranhense e com a injustiça social que havia. Houve um choque cultural pelo contraste entre a realidade dos dois países. O poeta, munido de consistente formação humanística e com uma sensibilidade bastante aguçada, não poderia ficar alheio ao sofrimento do povo, o que fez surgir um poeta gauche, contestador,  político e lírico ao mesmo tempo.
O prazer pela criação literária e seu grande conhecimento de estética fizeram com que Tribuzi criasse vários poemas falando do próprio fazer poético, caracterizando nesse sentido, a metalinguagem, umas das marcas de sua obra, além de sempre demonstrar o grande amor que sentia por São Luís, conforme pode ser visto em diversos de seus poemas.
Em seu livro “Alguma Existência”, percebe-se uma característica peculiar do poeta, a quase total ausência do uso de sinais linguísticos como pontos, vírgulas, etc. Devido a isso, comenta-se um fato pitoresco: um dia o poeta foi comprar um sapato e perguntado sobre sua pontuação o mesmo disse que não usava pontuação.
Bandeira Tribuzi não se atinha apenas ao exterior, à casca do ser humano, preocupava-se também com o interior, retratando a aparência e a essência. Em seu poema “Pele e Osso” o poeta deixou evidente essa característica, o que fez  descartar a acusação que muitos olhe imputaram de ser materialista, demonstrando que, além de se preocupar com o lado social da vida, refletia em suas obras a importância da essência humana.
Na ocasião da morte de Tribuzi, em 1977, José Sarney publicou um longo artigo intitulado “Por quem choram as casuarinas”, no qual cita as inúmeras qualidades do poeta, ressaltando a importância de Tribuzi para a poesia maranhense.  Sarney fala também do homem comprometido com o fato social, do homem sensível, o mesmo cita nunca ter conhecido alguém tão bom, tão avesso ao ódio, um homem sem maldade no coração. Curiosamente, Bandeira Tribuzi nos deixou no dia do aniversário da cidade que tanto amou.


[1] Pesquisador voluntário do Projeto Sistema Literário Maranhense: Hipertexto e hipermídia
[2]Professor universitário.  Coordenador do grupo de pesquisa.

2 comentários:

  1. Boa escolha para um ensaio. Gostei muito da oportunidade de saber mais sobre este poeta e sua obra. Obrigada!

    ResponderExcluir
  2. Bela escolha para um ensaio. Gostei muito de saber mais sobre este poeta e sua obra, obrigada!

    ResponderExcluir