quarta-feira, 9 de março de 2011

PRIMEIRO LIVRO

O PRIMEIRO LIVRO
José Neres


            Constantemente somos consultados sobre como publicar o primeiro livro. Quase sempre a pessoa diz que já tem o trabalho pronto e deseja transpor o manuscrito ou o arquivo digital para a forma de livro. Na teoria, essa tarefa parece ser bastante fácil, mas, na prática, aparecerem inúmeros obstáculos que podem adiar ou até mesmo abortar o sonho de tirar o livro do campo da abstração e transformá-lo em um objeto que se divide entre o preço de capa e o valor sentimental.
            Faremos a seguir algumas considerações acerca do assunto. Sem perspectivas alarmistas ou de falsas esperanças, vamos comentar o percurso a ser transcorrido por quem pretende publicar seus trabalhos.
            Depois de ter o livro concluído, revisto e revisado, o passo seguinte é procurar uma editora. Caso uma casa editorial se interesse pelo texto, ou autor não terá mais que se preocupar com questões como diagramação, capa, legalização, impressão e distribuição, pois tudo ficará a cargo de pessoas altamente qualificadas no assunto. Contudo, se o aspirante a escritor decidir apostar em uma publicação independente, deve ficar atento para as seguintes informações:
  1. Todo trabalho intelectual deve ser legalizado, com preservação dos direitos autorais e com número de ISBN. Não é raro encontrar casos em que o autor se preocupa apenas com a impressão gráfica e com o lançamento, deixando de lado os aspectos legais da publicação. Uma consulta à página eletrônica da Biblioteca Nacional será de grande valia para a compreensão desse processo.
  2. Publicar um livro não transformará você em uma celebridade da noite para o dia. Algumas pessoas pensam que, logo após a publicação do primeiro livros, uma multidão irá reconhecê-lo como genial escritor, como a grande revelação das letras. Mas isso possivelmente não acontecerá e são grandes as chances que nem mesmo a família do autor leia o trabalho dele.
  3. Contratar uma gráfica de confiança. Um dos grandes erros do escritor iniciante é o de entregar um serviço dessa importância a pessoas sem experiência no assunto. É sempre bom consultar um colega mais experiente, fazer diversos orçamentos e pedir para ver alguns livros que já tenham sido impressos pela gráfica. Nem sempre um preço elevado está relacionado com boa produção. Nunca é bom contratar o serviço com base apenas nos valores cobrados. Tanto o barato quanto o caro podem ser armadilhas perigosas.
  4. O acúmulo de funções é inevitável. Além de criar sua pretensa obra de arte, o aspirante a escritor terá também que, quase sempre, ser digitador, revisor, patrocinador, supervisor, carregador, distribuidor e/ou vendedor do próprio trabalho. Ainda por cima terá que enfrentar situações em que o comprador do livro duvide da autoria do trabalho e ou que compre o livro com se estivesse dando uma esmola para o autor.
  5. As chances de o primeiro livro ser também o último são muito grandes. Muitos são os casos em que, após um esforço hercúleo para editar o trabalho de estreia, o autor se sinta desmotivado, sem forças ou mesmo sem dinheiro para continuar na carreira de escritor. A falta de reconhecimento e os baixíssimos retornos financeiros são algumas das causas disso.
  6. Haverá mais pessoas pedindo o livro do que querendo comprá-lo ou lê-lo. Essa é outra realidade que desestimula o escritor novato. Somente com muito esforço ele poderá recuperar os recursos investidos na produção do primeiro livro ou pelo menos parte deles.
  7. A satisfação de ver sua obra lida e comentada por alguém é uma das maiores recompensas para o autor. A indescritível alegria de saber que colocou no mundo um trabalho intelectual é algo que transcende a todo e qualquer pensamento de retorno financeiro. É o que realmente pode contrabalançar as dores angústias de trazer ao mundo um frágil livrinho que talvez possa ser importante para outras pessoas além do autor, de sua família e de seu restrito círculo de amizades.

            Mas, apesar de todos esses percalços, vale a pena lutar para transformar um sonho em realidade.

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