quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

BALANÇO DE FINAL DE ANO


Fim de ano. É hora de fazer um balanço do que aconteceu conosco no ano que se acaba.  Para mim, tudo foi perfeito (exceto as imperfeições). Aqui vão alguns números só para quem gosta de curiosidades.
1.       No final de 2009, este blog, em seu primeiro ano, atingiu a marca de 3000 visitas, no final de 2010, chegamos a 14000. (Nada mal para um blog que só fala de cultura)
  • 32 artigos em publicados  jornais locais
  • 02 artigos em revista de circulação nacional
  • 02 prefácios de livros
  • 02 resenhas em revistas científicas
  • 04  artigos científicos em revistas especializadas
  • 01 livro organizado
  • 02 e-books
  • 19 palestras/ apresentação de trabalhos/ participação em eventos culturais
Quanto ao blog, ele teve alguns posts que foram bastante procurados este ano, pela ordem decrescente, os assuntos mais procurados foram:
  • Patativa do Assaré (por causa do vestibular, claro)
  • Literatura e cinema
  • Autores contemporâneos
  • Cândido Alberto Gomes
  • Profissional de secretariado
No próximo ano, esperamos esse sucesso se repita e conto com a presença de vocês.

OBS: dia 1º colocaremos 1 livro virtual contendo todos os sonetos que escrevi até hoje. São poucos, mas gosto deles.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

CONTO DE FIM DE ANO


FELIZ ANO NOVO
(José Neres)

- Ei rapaz, você por aqui!?! Quanto tempo!!!
- Pois é, voltei.
- Que tem feito da vida?
- O de sempre. Trabalhando como um burro de carga.
- Mas as últimas informações que tive suas eram muito boas. Estava morando na Europa, com um alto cargo em uma multinacional...
- É verdade, mas acabei de voltar. Vou gerenciar a filial da empresa aqui.
- Caramba, que maravilha! Fico feliz por você... Mas me conta, e como vai a vida sentimental?
- Na mesma de sempre. Depois da separação, ainda procuro a pessoa que preencherá meu coração.
- Entendo.
-E você? Soube que se casou e que tem dois filhos...
- Nossa, como você sabe disso? Estava tão longe daqui...
- Rapaz, você nem imagina o que se é capaz de saber com essa tal de internet. Vez ou outra faço uma visitinha virtual a meus amigos. Mas cadê sua esposa, seus filhos? Quero conhecê-los.
- Isso é fácil. Estão bem ali no restaurante. Imagina que só voltei ao carro para pegar a carteira e tive a sorte de encontrar você. Nunca esperava...

(...)

- Marisa, esse é meu grande amigo Marcello. Um amigo que não vejo faz muito tempo...
- Prazer, senhora. A senhora é realmente muito bonita. O Serginho falou muito bem da senhora. Esse deve ser o Pedrinho e essa mocinha linda deve ser a Sandrinha.
- Isso mesmo, são meus dois filhinhos amados. Mas querido, convide seu amigo para sentar. Vamos esperar a queima de fogos. Esse ponto aqui é o melhor de todos.
- Não se i se ele tem algum compromisso. Tem Marcello? Tem algum encontro marcado? Se não tiver, pode ficar conosco...
- Como eu disse, acabei de chegar e ainda não refiz os laços. Você é o primeiro conhecido que encontro e...
- Então está decidido. Vamos pedir champanhe para comemorar esse reencontro.
- Um brinde a sua família!
- Um brinde ao ano novo!
- Um brinde ao nosso reencontro!

(...)

- Foi uma bela passagem de ano. Obrigado a vocês. Nossa as crianças estão caindo de sono... Acho que é hora de eu deixar vocês voltarem para casa. Depois os convido para um jantar, mas dessa vez eu pago...
- Que nada! Rachamos a conta...
- Marisa, foi um prazer conhecer a felizarda que fisgou o Serginho...
- Prazer foi todo meu... Por falar nisso, Marcello, onde você deixou seu carro?
- lá no início da avenida. Rodei bastante atrás de uma vaga. Mas parece que todo mundo resolveu vir para cá hoje...
- Querido, não vamos deixar esse rapaz tão simpático andar tudo isso. Faça o seguinte. Leve-o até o carro dele, que nós esperamos aqui...
- Você é que manda, querida.
- Tchau, Marisa, foi um prazer. Quando as crianças acordarem, dê um beijo em cada um por mim.
- Ok. Feliz Ano Novo.
- Volto já já, querida...

(...)

- Bela família a sua. Parabéns.
- Tive sorte...
- Mereceu. Sempre foi um homem admirável... Ah, ali está meu carro. Pode me deixar aqui mesmo... Volte rápido, sua mulher e seus filhos estão esperando...
- Ainda temos alguns minutos. Quero aproveitá-los a seu lado...
- Serginho...
- Marcello...
- Um beijo... como nos velhos tempo...
- Como nos velhos tempos...

(...)

- Tchau... Feliz Ano Novo...
- Já tem o endereço do hotel onde estou morando... Espero você. Tchau...
- Pode deixar... Feliz Ano Novo...
- Tenho certeza que será um ano especial....

Fonte da imagem: INTERNET



A MENTIRA II

Como uma mentira jamais vem sozinha, coloco aqui agora outro soneto sobre o mesmo tema. Embora não goste de escrever poemas, acho bastante divertido escrever soneto. Serve para matar o tempo, ou para fingir que não morremos a cada minuto.

domingo, 26 de dezembro de 2010

GULLAR GULLAR

Ferreira Gullar - Fonte: Internet
Nos próximos dias, entraremos em um novo ano,  este blog passará também por algumas reformulações estéticas. Mas por enquanto isso, vamos seguindo com a estrutura de 2010. O texto a seguir foi publicado em O Estado do Maranhão desta Semana e trata sobre o trabalho de dois grandes poetas. Boa leitura!




GULLAR NO OLHAR DE QUIROGA
José Neres


Marcus V. Quiroga - imagem: Site do Antônio Miranda
            Há diversas maneiras de homenagear um escritor do porte de Ferreira Gullar. Essa homenagem pode vir em forma de leitura de seus textos em prosa ou em verso; de estudo aprofundado de sua biobibliografia; de análise crítica de seus inúmeros textos; ou da absorção de seu estilo para a confecção de novos textos que, em alguns momentos, podem até (con)fundir-se com a poética do grande escritor maranhense.
            Professor com doutorado em Literatura, pesquisador experiente, poeta detentor de diversos prêmios literários, membro da Academia Carioca de Letras e do PEN Clube do Brasil, Marcus Vinicius Quiroga não esconde de ninguém que é um grande admirador da obra do autor do Poema Sujo e, como forma de imortalizar essa admiração, mergulhou durante anos na vida, na obra e no estilo de Gullar, o que resultou, entre outros trabalhos, no livro “Gullar Gullar”, recentemente publicado.
            O livro é o que alguns teóricos chamam de obra-pastiche e não pode ser creditado apenas à admiração de um escritor por outro, mas sim como fruto de inúmeras horas de estudo e de dedicação. O livro de Quiroga é tecnicamente um pastiche, na melhor acepção da palavra, podendo ser colocado lado a lado com outras obras que também prestam homenagem estilística a grandes escritores das letras nacionais, como é o caso de “Em Liberdade”, de Silviano Santiago, que retoma o modo de escrever de Graciliano Ramos; e “Capitu: Memórias Póstumas”, de Domício Proença Filho, que faz uma imitação artístico-estilística da prosa de Machado de Assis.
            Pastichar não é uma tarefa fácil e não pode ser confundida com uma mera imitação do estilo de alguém. Trata-se de uma arte que exige extremo domínio técnico e teórico de um estudioso com relação à produção intelectual do autor que será homenageado. Marcus Vinícius Quiroga consegue em seu livro passar para o leitor o sabor e o prazer de ler Gullar com a certeza de que os versos não foram produzidos pelas mãos ou pela cabeça do escritor maranhense.
            Praticamente todos os ingredientes que tornam a poesia de Gullar única dentro do universo literário mundial são resgatados por Quiroga em seu minucioso trabalho. A ênfase na natureza morta, a fragmentação dos versos, as críticas sociais, as sinestesias e a dicção marcante do autor de Dentro da Noite Veloz encontram-se muito bem representadas no livro. Em alguns momentos, o leitor desavisado pode até pensar que está a ler um texto da lavra de Gullar, tal o grau de semelhança estilística e vocabular urdido pelo escritor carioca durante a confecção dos versos.
            Contudo o livro “Gullar Gullar” não pode ser lido apenas como um pastiche, pois há nele também vários momentos em que Quiroga deixa suas marcas de pesquisador da obra do poeta maranhense e faz enlaces com dados biográficos de Gullar, o que pode proporcionar ao leitor momentos bastante interessantes de cruzamento do que vem a ser texto gullariano relido por Marcus Quiroga e do que pode ser a marca quiroguiana dentro das estruturas poéticas de Gullar. Mas de qualquer maneira, o amante da boa poesia sairá satisfeito com o resultado final da tessitura poética engendrada pelo poeta-pesquisador.
            Gullar Gullar não é um livro feito apenas para quem admira o trabalho do grande poeta maranhense e deseja saber algo mais sobre sua produção, mas sim é um trabalho artisticamente bem construído e que pode tanto servir como leitura lúdica, para quem deseja apenas mergulhar nas águas nem sempre límpidas e cálidas da Poesia, podendo também dar bons frutos para quem resolva lançar um olhar pragmático sobre as páginas do livro, em busca de verdades que podem se esconder por trás de cada verso.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

UM CONTO DE NATAL


FONTE DA IMAGEM: internet


UM CONTO DE NATAL
José Neres

Noite Feliz, noite feliz
Hó Senhor, Deus do amor
Pobrezinho nasceu em Belém (x2)
Eis na lapa Jesus, nosso bem
Dorme em paz, ó Jesus
Dorme em paz, ó Jesus

         Ele ainda se lembrava do sabor do caríssimo champanhe Francês com que brindaram o último Natal. O ano anterior fora maravilhoso. Farto. Perfeito. Em alguns segundos, ele recordou o ar de felicidade da esposa, quando abriu o embrulho e se deparou com o colar cravejado de brilhantes. Esboçou um breve sorriso ao trazer à memória a cara de susto da filha que, dentro da caixa que continha o desejado celular de última geração, encontrou também um envelope com as passagens para a Europa. O filho do meio estava radiante com a quantidade de jogos eletrônicos que recebera. Nem ligou para as roupas caríssimas que estavam nos outros pacotes... O caçula brincava com os inúmeros brinquedos. Todos estavam felizes naquela noite. Cada filho se isolou em seu quarto, enquanto a esposa compensava com gemidos o presente recebido.
         Mas, meses depois, uma crise desceu sobre a empresa. As dívidas se acumulavam e os credores protestavam por fax, e-mail, telefone e, pior, por intermédio de oficiais de justiça...
         A filha teve de voltar mais cedo da viagem. O celular caríssimo já estava fora de moda e já não tinha um plano ilimitado, mas sim créditos mensais, de preferência com bônus. Os jogos e brinquedos foram deixados de lado. O colar acabou, juntamente com outras jóias recebidas em outras datas festivas, penhorado na Caixa Econômica Federal...

Então é Natal, pro enfermo e pro são.
Pro rico e pro pobre, num só coração.
Então bom Natal, pro branco e pro negro.
Amarelo e vermelho, pra paz afinal.
Então bom Natal, e um ano novo também.
Que seja feliz quem, souber o que é o bem.
Então é Natal, o que a gente fez?
O ano termina, e começa outra vez.
E Então é Natal, a festa Cristã.
Do velho e do novo, o amor como um todo.
Então bom Natal, e um ano novo também.
Que seja feliz quem, souber o que é o bem.

         A Voz da cantora Simone inundava o carro. Os presentes deste ano eram bem mais modestos: Um passeio pelo shopping, um lanche em um fast food, uma sessão de cinema e brincadeiras no parquinho eletrônico. Essa a festa possível.
         No banco de trás, a filha, emburrada por não receber um novo celular, olhava a monótona paisagem. Os garotos, como sempre, brigavam. O casal seguia calado. Só a voz da Simone reinava ali.
         Após o lanche, chegou a vez do passeio pelas lojas superlotadas. Pela primeira vez a esposa disse uma frase tão comum aos pobres mortais: “estou só olhando...”
         Não havia mais ingresso para o filme que queriam. O que foi bom, pois sobraria mais dinheiro para os jogos. Depois comprariam um DVD no camelô, era mais barato e mais prático.
         Começaram os joguinhos no parque. A princípio, tudo estava sem graça. Depois, cada ponto se convertia em brilhos no olhar. O brilho evoluiu para abraços e os gritos de vitória envolviam não só a família, como também os demais frequentadores do parquinho. Todos os problemas se esvaneciam diante da cumplicidade de múltiplos olhares.
         Na volta para casa. A Simone vinha muda. Não precisavam mais dela. As conversas animadas preenchiam aquelas cinco vidas.
         Em casa, brindaram com refrigerante e, à meia-noite, trocaram sorrisos e abraços. Os filhos estavam felizes. Nunca esperavam que naquele Natal ganhariam um Pai de presente.
         No quarto, a sós, marido e mulher se despiram das máscaras e, nus, se presentearam com a essência do amor verdadeiro. Nesse Natal, ele aprendeu que gemidos de prazer são bem melhores que gemidos de gratidão.
         O veneno comprado no dia anterior acabava de perder sua utilidade.
        

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

DE OLHO NA EDUCAÇÃO

DOIS PENSADORES DA EDUCAÇÃO
 
José Neres

 (O Estado do Maranhão, 18/12/2010)


            Aprender é algo bom e essencial para o ser humano. Aprendemos a todo momentos, com os próprios erros/acertos e com as experiências alheias. Aprendemos com a natureza, no contato com o próximo, com o passado e com as inovações do presente. O mundo é uma grande sala de aula com portas e janelas abertas para quem quiser aprender, com inúmeros professores que ministram suas aulas em tempos de bonança ou mesmo em momentos a extremas adversidades.
            No meio desses inúmeros professores que contribuem para o progresso da educação em todos os seus níveis e potencialidades, alguns de destacam não apenas por seu comprometimento com o fazer pedagógico, mas também por defenderem ideias que vão além do senso comum e que apontam para novos horizontes no âmbito da aprendizagem. Entre esses exemplos de profissionais que vão além da atividade em sala de aula, podemos destacar Maria Cândida Moraes e Luiz Síveres.
            Tida por intelectuais do mundo inteiro como uma das mais importantes estudiosas da complexidade e da transciplinaridade, além de ser apontada como uma das pioneiras nos pesquisas sobre a ecologia dos saberes e sobre as estratégias do “sentipensar”, Cândida Moraes defende em suas teorias e aplica em suas práticas educativas o princípio de que “é importante aprender a viver/conviver com as diferenças”. Seus livros “O Paradigma Educacional Emergente” e “Educar na Biologia do Amor e da Solidariedade” já atingiram diversas edições e se tornaram leitura obrigatória para quem deseja imiscuir-se pelas veredas das modernas pesquisas educacionais.
Defensora da ideia de que um educador não deve limitar-se à mera transmissão do conhecimento essencial à sua disciplina, a professora da Universidade Católica de Brasília defende a tese de que quem está envolvido com a educação deve preocupar-se também em desenvolver uma “escuta sensível”, capaz de ouvir o silencioso pedido de ajuda de quem muitas vezes não tem voz nem forças para gritar por socorro. Certa de que a educação tem um papel essencial nas relações entre o homem e o planeta, Maria Cândida Moraes diz que é “necessário desenvolver competências e habilidades que nos ajudem a enfrentar os desafios da globalidade, da complexidade da vida e da sustentabilidade ecológica”.
Autor, coautor ou organizador de diversos livros, o filósofo e educador Luiz Síveres parte do princípio de que ética é muito mais que uma palavra ou um conceito abstrato, sendo, sim, uma forma de agir respeitando as diferenças e interagindo com o próximo. Usando um interessante jogo de palavras, o professor comenta que nos dias atuais, “a ética precisa de uma nova ótica”. Amparando-se em pensadores diversos como Hegel, Marx, Kant, Levinas, Habermas, Buber e Morin, Síveres tira lições de todos eles e constroi seu próprio percurso epistemológico, que pode ser uma estrada, uma vereda, um rio ou um mar, pois o conhecimento, “assim como a água, está sempre em movimento e conectado em uma grande e infindável rede.”
Geralmente empregando metáforas, Luiz Síveres preocupa-se também com os rumos da educação, em todos os níveis. Em todos os seus trabalhos, principalmente em seus dois livros mais conhecidos, “A Dimensão Humana no Processo Educacional” e “Universidade: Torre ou sino”, o educador gaúcho utiliza-se de alegorias para expor suas ideias sobre educação e deixar claro que, nos estudos em geral, o papel de um professor é fazer o possível para levar o alunado à reflexão e ao desenvolvimento do senso crítico.
            Muito mais que pesquisadores reconhecidos mundialmente ou professores de grande conhecimento e imenso tino didático/pedagógico, esses dois pensadores da educação transmitem a seus alunos e/ou leitores a noção de que, no percurso que compreende o ensino e a aprendizagem o que realmente importa não é a aspereza da casca ou a dureza dos caroços, mas sim o sabor da seiva que emana do maravilhoso fruto chamado conhecimento.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Prêmio IV Centenário de São Luís

Conforme prometemos na última postagem, a partir desta semana o blog terá mais atualizações. Começamos com uma ótima notícia que é o concurso do IV Centenário da Cidade de São Luís, promovido pelo Instituto Geia. Caso queira obter mais informações, você deve acessar o site do Instituto e ler atentamente o edital. Boa sorte a todos os concorrentes!

Site do Instituto Geia                         Regulamento do Concurso

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

NOVA PÁGINA

Agora você poderá também ler nosso texto no Recanto das Letras. Esperamos uma visitinha sua.
Para ver a página, clique aqui.

OBS: Semana próxima, este blog voltará a ser atualizado regularmente

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010