sábado, 26 de junho de 2010

BALADA LITERÁRIA


Música. Poesia. Teatros. Performances e muita arte em todos os sentidos. Assim foi a Balada Literária promovida pelos alunos de Letras da Faculdade Atenas Maranhense, na última quinta-feira (24.06.2010) no teatro da Faculdade.
Com uma programação bem escolhida e organizada de modo a não cansar a plateia com repetições de estilo, os alunos se desdobraram e conseguiram um belíssimo efeito estético, com direito a momentos de improviso e o nervosismo natural de quem se encontra no meio de um palco, com dezenas de olhos focados em um único ponto.
Todos deram o máximo de si para o espetáculo. Todos estão de parabéns. O público, sempre escasso em eventos de natureza artística não-comercial, certamente, se deliciou com cada um dos textos apresentados e se divertiu com as inteligentes tiradas de humor que pincelaram o evento. Mas, sem dúvida, o momento mais marcante da noite foi quando a aluna Simone Pinheiro, fez uma belíssima interpretação em libras do poema “Magia”, de autoria de Perla Alvez, também aluna da instituição. Simone e todos os organizadores da Balada Literária provaram que a Poesia não conhece limitações, porque ela mesma é sem limites.
Todos têm talento e bastava uma oportunidade para mostrar de que cada pessoa é capaz. O evento foi uma excelente chance de todos conhecerem o talento dos alunos e companheiros.
  Feliz com a plasticidade do evento, a plateia guardará esses bons momentos e aguardará a segunda edição da Balada.

terça-feira, 22 de junho de 2010

NOVO LIVRO GRATIS EM PDF

Caros leitores,

Disponibilizo para vocês meu livro inédito O ÚLTIMO DESEJO DE CATIRINA. Espero que todos os que se dispuserem a ler esse trabalho tenham bons momentos de entretenimento e de reflexão.

Um abraço a todos e Boa Leitura

segunda-feira, 21 de junho de 2010

CÉREBROS PROSTITUÍDOS, MÃOS DE ALUGUEL
José Neres


            De um lado da mesa de negociação está uma pessoa inteligente, bem formada, com bom nível intelectual, e, pelo menos em teoria, com necessidades econômicas e, na prática, com evidente carência ética e moral. Do outro lado, está alguém que frequentou as aulas, mas que, ou por deficiência intelectual, ou por falta de habilidade, não aprendeu o suficiente para ter competência de elaborar suas próprias atividades acadêmicas, sejam elas trabalhos corriqueiros de meio de curso, artigos científicos, monografias, dissertações ou teses.
            Quanto custa uma monografia? Quanto custa uma dissertação? Por quanto será que sai um trabalho? Qual o preço pago por uma certificação? Para quem realmente estudou e se prepara para levar uma vida profissional pautada pela ética e pela busca da competência, essas perguntas parecem sem sentido. No entanto, se o objetivo é apenas ter um diploma na gaveta, se é tão somente entrar para estatísticas oficiais, sem preocupação com o que poderia ser assimilado na sala de aula e levado para a vida profissional, tais perguntas são tão corriqueiras quanto querer saber o preço de um cigarro ou de um quilo de carne.
            A prostituição intelectual é tão grande e tão visível e despudorada que não sente vergonha em se oferecer em páginas de jornais, murais de universidades, faculdades, escolas, cursos de pós-graduação e congêneres. Às vezes, uma tênue sombra de pudor faz com que os aproveitadores da incompetência alheia disfarcem seus negócios com pomposos nomes como apoio à pesquisa acadêmica ou serviço de digitação, o que acaba virando estigma negativo para quem realmente faz apenas a digitação de trabalhos, sem envolver-se em fraudes.
            Não são raros os casos em que os “elaboradores de trabalhos” apenas recorrem às páginas da internet, fazem uma coleta de trabalhos com a temática pretendida, fazem uma colcha de retalhos com textos variados e vendem para os incautos e preguiçosos compradores como se aquilo fosse um texto original, tecido pelas hábeis mãos do incansável “trabalhador” da palavra. Outros, temerosos de que o texto seja verificado em um dos programas eletrônicos que farejam plágio, preferem copiar de livros e/ou de trabalhos defendidos em universidades de outros estados.
            O aluno, por sua vez, chega mesmo a levar os “originais” para que seu orientador leia, faça suas correções e sugira modificações a fim de tornar o trabalho encomendado mais pessoal. O professor, às vezes por comodismo ou inexperiência,  às vezes fazendo-se de bobo por não ter provas cabais de que seu orientado está pagando pelo trabalho, fecha os olhos, finge que tudo está ótimo e aprova o trabalho.
            Algumas empresas mais organizadas oferecem, além do texto revisado e encadernado, treinamento para que o cliente se saia bem na defesa pública do trabalho. No dia da apresentação, como se um voz do além iluminasse a cabeça daquele graduando, ele demonstra todo o seu conhecimento perante o publico presente e, em alguns casos, ainda comemora com a família a vitória de tantas horas de esforço.
            De quem é a culpa? Aparentemente todos são culpados. Instituições, docentes, discentes... Pois só há quem venda trabalhos, porque também há quem os compre. E, na falta de competência, pode parecer um bom negócio pagar pela competência alheia, mesmo que não se possa reclamar em caso de ser enganado.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

LUTO NAS LETRAS PORTUGUESAS

MORRE O ESCRITOR PORTUGUÊS JOSÉ SARAMAGO

A sexta-feira, 18 de junho de 2010 amanheceu de luto> Saramago escreveu o capitulo final de sua saga, e a literatura de língua portuguesa perdeu  um de seus grandes escritores. 
Escritor polêmico e dono de um estilo sui generis, Saramago foi o único escritor de língua portuguesa, até agora, a receber o Prêmio Nobel de Literatura.
Agora, seus longos parágrafos, seus períodos gigantescos e suas vírgulas surpreendentes  recebem a pausa final e deixam seus
Entre seus livros mais importantes, temos:

  • Ensaio sobre a Cegueira
  • Ensaio sobre a Lucidez
  • Todos os nomes
  • Evangelho segundo Jesus Cristo
  • Jangada de Pedra
  • O ano da morte de Riocardo Reis

sábado, 5 de junho de 2010

NOVO LIVRO DE WALDEMIRO VIANA

A TARA SOB A TOGA
José Neres


            Criar uma obra literária a partir de um acontecimento histórico é sempre uma tarefa que exige muito cuidado por parte do escritor, que pode deixar o livro com ranço de puro historicismo sem valor estético ou descaracterizar totalmente o fato que serviu de base para a narrativa e fugir completamente do enredo original, criando uma versão quase que totalmente desvinculada do modelo adotado.
            Por outro lado há também os interesses do público leitor. Algumas pessoas querem transformar Literatura em registro fidedigno da História e não se conformam com as liberdades criativas do ficcionista que, livre das amarras da cientificidade, não tem compromisso com a verdade, precisando apenas manter uma coerência interna para com os episódios apresentados. Há quem pegue um romance, não para se deleitar com o valor artístico da obra, mas sim para apontar possíveis falhas históricas do autor. Mas também há pessoas que se sentem lesadas quando a narrativa literária fica muito colada aos acontecimentos já conhecidos e de domínio público. Tais leitores geralmente alegam que o papel do escritor é oferecer um outro olhar dos fatos, e não apenas reproduzir fontes documentais com roupagem literária.
            Buscar um equilíbrio entre a força criativa da ficção e o respeito a um roteiro já traçado pela veracidade dos fatos, entre o estilo individual e as expectativas dos leitores não é uma tarefa fácil. Mas foi o que conseguiu o escritor maranhense Waldemiro Viana, em seu mais recente romance “A Tara e a Toga”, que traz de volta às letras o conhecido crime cometido pelo desembargador Pontes Visgueiros contra sua amante Mariquinhas.
            O livro, além de presentear o leitor com uma narrativa ágil e envolvente, traz também belíssimas ilustrações assinadas pelo artista Jesus Santos, que, com seu talento já tantas vezes reconhecido, conseguiu captar a essência da narrativa e traduzir em traços e cores os momentos capitais do romance.
            Possivelmente usando como fonte de pesquisa o livro “O caso Pontes Visgueiro: um erro judiciário”, de Evaristo de Moraes e outras obras sobre o famoso caso, Waldemiro Viana reconstrói o cenário da época do crime, imiscui personagens à trama, reconstitui diálogos que poderiam ter acontecido, arquiteta situações que costuram o romance e tempera tudo com boas doses de sarcasmo, erotismo e de suspense. E ainda aproveita para homenagear alguns amigos e confrades que aparecem sutilmente em alguns momentos na trama.
            Algumas cenas do romance são antológicas, como, por exemplo, o momento em que, cego de paixão, o desembargador vai ao Largo dos Remédios e lá encontra sua amada nos braços de outro. A fúria toma conta do velho magistrado que, vendo-se traído, toma satisfações de sua protegida e desce aos mais baixos degraus da escala humana, vivendo, em um curtíssimo intervalo de tempo, sensações que vão do ódio profundo à vergonha de ver a própria família a presenciar seu vexame, passando também pela humilhação de ter sua vida íntima exposta em público, pelo desespero de conviver com a impotência física e moral e, ao mesmo tempo pela certeza da dependência dos vícios e dos prazeres carnais proporcionados pela infiel amante. A cena final do livro também é carregada de ironia e de uma pitada de bom humor, sem perder o foco da narrativa.
            Outra cena muito importante e que terá significativo valor para o desfecho da obra é a da estada de Pontes Visgueiro no Piauí. Os episódios se encaixam de modo perfeito e divertem o leitor com o canhestro casal que se forma a partir de um encontro fortuito. O contraste entre a decadência física do desembargador e suas atitudes de incorrigível conquistador demonstra a habilidade do romancista em oscilar entre o trágico e o cômico com a mesma destreza.
            Muito mais que narrar uma história tantas vezes contata e recontada e que já faz parte do conhecimento público, Waldemiro Viana aproveitou as quase duas centenas e meia de páginas do livro para traçar um perfil psicológico das duas personagens centrais. No entanto, o desembargador é o que recebe maior atenção na construção da personalidade. Sua figura caricata desperta no leitor um misto de pena e riso. O ridículo, em várias passagens da obra, serve como contraponto do drama existencial vivido por um homem dividido entre a sisudez da toga e as alegrias de poder realizar suas taras, não importando o preço a ser pago no balanço final.
            Com mais esse livro, Waldemiro Viana presta um importante serviço aos admiradores de sua obra, da boa literatura e  até mesmo àquelas pessoas que querem apenas divertir-se com as efemérides de nossa História.