terça-feira, 16 de novembro de 2010

UM BOM LIVRO

QUANDO FERRO VIRA POESIA
José Neres


            Por razões mais sociais que intelectuais, literárias ou de talento, o número de homens que publicam nas letras maranhenses ainda é maior que o de mulheres que expõem ao público seus versos, romances, contos ou peças.  Mesmo assim, há uma boa quantidade de mulheres brindando os leitores com suas obras e mostrando que a competência no manejo com as palavras escritas não faz diferença de gênero, condição financeira ou grau de escolaridade.
            Nomes como Arlete Nogueira da Cruz, Lúcia Santos, Geane Fiddan, Rosemary Rêgo, Lenita Estrela de Sá, Hélia Lima, Sonia Almeida, Ceres Costa Fernandes, Dorinha Barros, Raimunda Frazão, Zelinda Lima, Mundinha Araújo e Aurora da Graça, entre tantas outras, ou têm seus espaços consolidados ou em vias de solidificação na história literária maranhense, que ainda carece de estudos mais aprofundados a respeito de seus autores, não apenas com relação à produção intelectual das mulheres, mas sim em todos os âmbitos.
            Aos nomes acima citados, podemos acrescentar o de Ana Luiza Almeida Ferro, escritora que se divide entre as argumentações técnicas dos estudos jurídicos e as sutilezas metafóricas da poesia. De sua atuação no campo da magistratura resultaram alguns livros teóricos como “Escusas absolutórias no Direito Penal”, “O crime de falso testemunho ou a falsa perícia” e “Interpretação constitucional: a teoria procedimentalista de John Hurt Ely”, entre outros trabalhos muito apreciados pelos profissionais da área do Direito.
            Mas como nem tudo pode ser definido pelo olhar técnico do estudo das leis, Ana Luiza Almeida Ferro  também se dedica à tessitura poética, tendo recebido algumas honrarias em concursos literários, além de comentários elogiosos de estudiosos voltados para as letras. Em parceria com seu genitor, o pesquisador, poeta e prosador Wilson Pires Ferro, publicou o livro “Versos e Anversos”. Depois, sozinha, e sem estardalhaço, trouxe à luz, em 2008, o livro “Quando”, uma coletânea de poemas que foram amadurecidos ao longo de anos e mais anos de trabalho com as metáforas que compõem a obra.
            O livro tem pouco mais de 80 páginas e é composto por 37 poemas, que abarcam  desde a metalinguagem até as questões sociais do dia a dia, passando por experimentalismo gráficos e espacializações de palavras (que lembram a vanguarda concretista) e por incursões metafísicas, como solidão, amores, desesperança e a dor/alegria do existir. Alguém que lesse apressadamente o livro poderia argumentar que essa variedade de temáticas e de técnicas utilizadas traz seus reflexos na qualidade, na forma e na recepção dos poemas, principalmente pela falta de unidade temática entre os textos do livro. Contudo, um olhar mais atento ao volume, a começar pelo título e pelas datas dos poemas, mostra que o que o leitor tem em mãos não é um conjunto planejado, mas sim o apanhar de diversos momentos que foram paralisados e fixados na folha do papel ou na tela do computador.
            O “Quando” que dá nome ao volume é bem mais que o título do nono dos 37 poemas do livro, é, principalmente um prolongamento temporal que não se fixa no presente, no passado ou no futuro, mas sim que tenta enlaçar o contínuo e o descontínuo temporal de diversas experiências em um todo que não encontra em si mesmo uma unidade. O quando é o agora, é o ontem, mas também é o amanhã. Mas o quando também pode ser o sempre ou o nunca, dependendo do “indelével oscilar / previsível variar / vida pendular”, como diz um dos poemas.
            A sensação da fluidez do tempo, da alegria, da dor e da própria vida é uma constante no livro de Ana Luiza Almeida Ferro. Porém, não é por dar ênfase a esse movimento pendular de idas e vindas que ele deixa de observar o cotidiano de nossa realidade social, com se dá, por exemplo, em “Inocência perdida”, “Pixote” e “É carnaval”, poemas que dissecam alguns aspectos sociais visíveis em qualquer grande centro, mas que, de tão repetitivos, tornaram-se invisíveis aos olhos da sociedade em geral.
            “Quando” é um livro para ser lido com calma, sem compromisso com as teorias literárias, mas sem fechar os olhos para as metáforas que afloram a cada página.

domingo, 7 de novembro de 2010

Lançamento de Tábua de Papel

LANÇAMENTO DE LIVRO

Quem reservou um tempinho de seu sábado (06.11.2010) para passar pelo Sindicato dos Bancários do Maranhão, ou decidiu dedicar todo o dia a participar dos debates e palestras sobre a literatura maranhense, não se arrependeu. Os presentes puderam ver e ouvir os autores da coletânea de estudos intitulada Tábua de Papel e, sem dúvida, conheceram um pouco mais das letras e da cultura de nosso Estado.
Na plateia, além de estudantes e professores de diversas instituições de ensino, estavam também alguns nome de destaque das letras maranhenses, com destaque para o contista e editor Wilson Martins (que chegou de Imperatriz e passou direto para o evento), o poeta e ensaísta Hagamenon de Jesus, o professor Theotônio Fonseca, o poeta Elys Melo (que acabava de chegar de Balsas, mas esqueceu o cansaço para prestigiar o evento), a professora Regysane Botelho, de passagem por sua terra natal, a romancista Dorinha Barros  a professora Kátia França e o contista Bruno Tomé, que em breve lançará outro livro.
Mesmo com a concorrência da prova do Enem, o público foi o esperado para um evento de letras.
Ao final dos trabalhos, ou autores distribuiram autógrafos e confraternizaram com os presentes, em mais um grandioso lançamento da Café & Lápis Editora.
A seguir, o leitor poderá conferi alguma fotos do evento.
Nosso muito obrigado a todos os que ajudaram na realização de mais esse lançamento.  (clique nas fotos para ampliá-las)






sexta-feira, 5 de novembro de 2010

HORA DO VESTIBULAR


VESTIBULAR E ESTRESSE
José Neres 

Fonte: internet
            Não há como negar que um dos momentos mais estressantes na vida de um estudante é aquele que antecede a prova do vestibular. A contagem regressiva aumenta o grau de ansiedade e as cobranças da família, da sociedade, das instituições de ensino e do próprio candidato. As dúvidas se multiplicam a cada hora, transformando o dia de prova em um fardo insuportável.
            O assunto é estudado por profissionais de diversas áreas do conhecimento humano. Educadores, psicólogos, médicos, nutricionistas e tantos outros estudiosos se debruçam sobre o tema procurando entender o que se passa na cabeça e no corpo do vestibulando nos dias que antecedem a prova que decidirá sobre o futuro do candidato a uma vaga nas universidades.
            Em sua tese de doutoramento, defendida na Unicamp, em 2007, a pesquisadora Maria Cândida Carvalho, a partir de análise da saliva de pré-vestibulandos, chega à conclusão de que os índices de estresse nesses estudantes aumentam nos meses que antecedem as provas. Ao estudar alunos de cursos preparatórios e concludentes do ensino médio, a médica Célia Regina da Silva Rocha, em sua tese defendida em 2010, na Universidade Estadual de Campinas, comenta os distúrbios do sono, a compulsão alimentar e a depressão de que são acometidos os estudantes nos momentos que se aproximam da data dos exames.
            Nessa época, os alunos acabam acreditando que cada minuto desperdiçado pode ser o diferencial para a aprovação ou não no concurso. Então alguns deles acabam entregando-se a uma verdadeira maratona de estudos que vão além dos horários escolares e dos próprios limites físicos. A esse tempo extra de estudo, professor e psicólogo Afonso Celso Tanus Galvão, amparado por diversos teóricos, chama de estudo deliberado e alerta para o fato de que tal atitude pode levar à fadiga e a outros problemas de ordem motivacional.
            É nesse momento que os familiares e as pessoas mais próximas ao vestibulando podem dar sua contribuição, que nem É sempre positiva. Pais que comparam o desempenho escolar dos filhos com os outros irmãos mais velhos, com vizinhos ou com parentes próximos, geralmente levam o estudante, que já está em estado de estresse por causa de inúmeras cobranças do dia a dia, a um estado de desespero, que pode culminar em atitudes agressivas ou em retraimentos como forma de defesa.
            Da mesma forma, mercenarizar uma possível aprovação com promessas de gratificações nem sempre é uma boa estratégia motivacional, pois, de todas as recompensas, a que mais interessa ao vestibulando é ver seu nome na lista de aprovados, e isso é algo que pais não podem prometer... Mas podem e devem criar condições para que isso aconteça.
            Outro fator importante a ser lembrado que os seres humanos têm reações diferentes diante de um mesmo estímulo. Dessa forma, quando se aproxima o vestibular, alguns estudantes ficam  aparentemente tranquilos, outros, no entanto, vivem momentos de extremo desconforto emocional e não são raros os casos em que usam agressões verbais ou até mesmo físicas contras as pessoas mais próximas como válvula de escape contra a situação adversa por que estão passando.
            Não é tarefa fácil para pais, parentes e amigos próximos a convivência com alguém, jovem ou adulto, que esteja vivendo o estresse dos momentos que antecedem a prova do vestibular. Colocar-se no lugar do vestibulando e tentar entender que aquele momento é especial para ele, mantendo a distância exata para ajudar sem invadir o espaço físico e mental reservado à ritualização dos estudos pode ser uma forma de ajudar. Mas a aprovação é o único remédio que põe fim a esse sofrimento momentâneo e incômodo.