terça-feira, 17 de novembro de 2009

REDAÇÃO

Este artigo saiu no Jornal Pequeno, no início deste ano de 2009. Com a chegada do Enem, creio que ele ainda possa ser bastante útil.


DEZ DICAS DE REDAÇÃO
José Neres


O vestibular se aproxima. E com ele voltam à tona todas as dúvidas e angústias relativas à prática de redação.
Mesmo considerada um dos grandes terrores na vida de um candidato a uma vaga na Universidade, a redação é constantemente relegada a um segundo plano na vida do estudante. O vestibulando, quase sempre, costuma protelar ao máximo a prática textual e deixar para a última hora a preocupação com a parte escrita de sua formação.
A seguir, apresentamos dez pequenas dicas a respeito da redação voltada para o vestibular. A maioria dos comentários, porém, seve para qualquer pessoa que aprecie a arte de escrever.
1. Usar um vocabulário simples, mas não simplório – Algumas pessoas pensam que escrever bem é usar palavras difíceis e exagerar nos volteios sintáticos. Mas isso não é verdade. O bom texto tem de ser compreensível e claro desde o início até o fim, evitando ao máximo as ambigüidades, as palavras supérfluas e as estruturas desnecessárias. É inútil usar palavra eruditas fora de seu contexto ou com sentido forçado. Geralmente, usar “palavras difíceis é apenas um modo de tentar esconder a falta de profundidade argumentativa.
2. Usar corretamente a norma culta – As universidades não estão muito interessadas em saber se seus futuros alunos cultivam pendores artísticos para a prosa ou para a poesia, mas elas têm, sim, interesse em saber se os pretendentes aos cursos oferecidos dominam (ou pelo menos conhecem) os mecanismos básicos da norma padrão. Então, quem se propõe a escrever – com qualquer que seja o objetivo – deve está sempre atento a aspectos gramaticais como ortografia, pontuação, regência, concordância e acentuação gráfica.
3. Saber argumentar – Não adianta muito o texto estar isento de falhas gramaticais se seu conteúdo apresenta argumentos frágeis e sem consistência. Algumas pessoas preocupam-se apenas com a aparência física e gramatical da redação, esquecendo-se de criar estratégias discursivas que convençam o leitor e o levem a acreditar nas abordagens defendidas pelo autor do texto, bons argumentos são essenciais para dar vida à dissertação.
4. Concatenar as ideias – Além de ter bons argumentos, é sempre importante saber organizá-los em uma sequência racional que leve o leitor a compreender a mensagem do autor com exatidão. É comum, infelizmente, vestibulandos escreveram seus argumentos de forma desordenada e com isso transformaram o texto em um amontoado de informações sem conexão lógica.
5. Conter a emotividade – Alguns temas polêmicos costumam levar o estudante a se comportar mais como um torcedor do que como um analista da situação observada. O excesso de emotividade costuma levar o redator a escrever de forma apaixonada e esquecer que a dissertação exige uma análise racional sobre o tema. É melhor deixar para extravasar as emoções após o resultado do vestibular.
6. Ser coerente - Em um texto dissertativo, as ideias devem estar interligadas de modo a evitar as contradições e não deixar que o leitor fique perdido no meio de informações vagas e desarticuladas com relação à realidade. Dois bons exemplos de incoerência em texto dissertativos são o caso do aluno que queria provar que “a falta de desemprego é um dos maiores problemas do Brasil contemporâneo”, e do outro que teimava em dizer que “no Brasil, milhões de crianças morrem de fome a cada minuto”. Muito exagero!
7. Respeitar os padrões éticos – Nem tudo o que se pensa deve ser exposto na redação do vestibular. O candidato não deve atropelar a ética em seus textos, deve sempre respeitar os direitos autorais de suas citações e nunca inventar números e dados apenas para dar aparência de informatividade a seus textos. Recentemente, em uma prova de vestibular, um aluno propôs que, para acabar com a falta de órgãos para transplante, o governo matasse os presidiários e retirasse deles as partes que pudessem ser doadas. Ele violentou a ética e a cidadania e ficou, justamente, reprovado!
8. Evitar o senso comum – O vestibulando deve sempre investir o tempo livre em leituras, com o objetivo de fazer um lastro de informações e, ao mesmo tempo, incrementar o vocabulário. Quem não tem um razoável arsenal de leitura quase sempre cai na tentação de ficar apenas no senso comum em suas argumentações, de repetir ideias alheias sem questionar e de ficar na superficialidade do tema proposto.
9. Jamais fugir ao tema proposto e à tipologia indicada – As universidades definem a tipologia que querem, geralmente a dissertação, e propõem uma temática sobre a qual deve ser elaborado o texto. O dever o candidato é escrever dentro do tema proposto e de acordo com a tipologia estipulada. Sair disso equivale a ser eliminado.
10. Atentar ao tempo disponível – A redação é apenas uma das provas do vestibular e, junto com ela, há uma quantidade exagerada de questões que também devem ser resolvidas. O estudante deve treinar bastante antes do dia do concurso, para, quando chegar a hora, ter segurança e escrever o texto dentro do tempo estipulado, sem entrar em conflito com as demais provas do dia.
Além das dez dicas acima, é sempre importante, como já foi dito, o estudante ler o tempo todo, para estar sempre atualizado e para não ser pego de surpresa em um dos dias mais importantes e tensos de toda a sua vida.

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