sábado, 17 de outubro de 2009

SUGESTÕES DE LEITURA

CINCO OBRAS ESSENCIAIS

José Neres

(O Estado do Maranhão, 17 de outubro de 2009)

No Maranhão há, apesar das precárias condições de divulgação e de um quase inexistente sistema de distribuição, uma boa quantidade de obras publicadas anualmente. Além da produção de trabalhos de cunho poético ou ficcional, temos também autores que se dedicam às pesquisas e que aquecem nosso combalido mercado editorial com livros que em muito contribuem para a formação intelectual das gerações vindouras e para aplacar a curiosidade intelectual de quem se dedica a garimpar estudos de qualidade nas estantes de sebos e livrarias.

Infelizmente, nem todas as obras recebem o destaque merecido e algumas acabam caindo no ostracismo. Destacamos a seguir cinco livros que foram lançados nos últimos anos e que formam um paideuma indispensável a quem se dedique aos estudos das letras maranhenses. Todas são obras que ainda podem ser encontradas à venda e que em muito podem contribuir para a compreensão de nossas letras.

1. Dicionário Histórico e Geográfico do Maranhão, de César Augusto Marques – na primorosa edição de Jomar Moraes – Na condição de editor, Jomar Moraes poderia simplesmente reeditar o livro, mas o inquieto espírito do pesquisador foi muito além e não só corrigiu alguns detalhes das edições anteriores, como também ampliou verbetes e atualizou dados, aumentando em muito o valor documental da obra.

2. O Senhor Antônio Lobo: A Fogueira da Agonia, de Carlos Gaspar – Antônio Lobo é um dos mais importantes intelectuais maranhenses das primeiras décadas do século XX e um dos principais nomes de nossa produção intelectual em todos os tempos. No entanto, essa importância há muito tempo ao s traduzia em forma de um trabalho de grande monta que resgatasse a polêmica e instigante figura do homem que até hoje é sinônimo da Academia Maranhense de Letras. Carlos Gaspar, em um livro muito bem escrito e fartamente documentado, traz novamente à luz a vida e a obra de um pensador que sempre merece ser lembrado.

3. Memória do Teatro Maranhense, de Aldo Leite – O teatro maranhense há muito tempo carecia de um trabalho que resgatasse um pouco de sua história. O professor, dramaturgo e ator Aldo Leite se encarregou de dar uma substancial ajuda para os amantes das artes cênicas ao reunir em um livro momentos importantes da dramaturgia maranhense e entrevista com alguns dos mais significativos nomes do teatro maranhense contemporâneo. O livro, que além de um texto fluido, apresenta também grande riqueza iconográfica é, sem dúvida, uma obra indispensável para todos aqueles que queiram compreender os meandros de nossa produção teatral.

4. Operários da Saudade: Os Novos Atenienses e a Invenção do Maranhão, de Manoel Martins Barros – Nesse livro, o autor, mesclando rigor histórico com sensibilidade artística, destrinça para os leitores os bastidores de um momento em que os valores literários maranhenses que não saíram da província ficaram eclipsados pelos importantes nomes que fizeram carreira em outros estados. O autor, usando com maestria os títulos dos principais livros da época estudada, esclarece muitas duvidas a respeito de escritores que, apesar de talentosos, ficaram esquecidos até mesmo na própria província de origem.

5. Memórias e Memórias Inacabadas, de Humberto de Campos – Recentemente reeditado pelo Instituto Geia, o livro de memórias do grande cronista maranhense há muito tempo pedia para voltar às mãos dos leitores. Ao contrário do que se pode pensar em um primeiro contato com o título da obra, não se trata de um livro de um homem que olha para si mesmo e se esquece do mundo ao seu redor. Em verdade, o que é uma abordagem bastante crítica e pessoal de uma época, ressaltando importantes traços das pessoas e do modo de viver do final do século XIX e início do século XX.

Muitos outros livros poderiam ser citados como também essenciais para a (re)descoberta das letras e dos valores culturais do Maranhão, contudo, infelizmente algumas importantes obras estão fora de edição e outras não estão disponíveis no mercado. Mas o importante é que, mesmo com as dificuldades encontradas, a cada ano o número de obras destinadas aos estudos da cultura e da literatura maranhenses cresça.

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