domingo, 22 de fevereiro de 2009

UM ADEUS A NASCIMENTO MORAIS FILHO

NASCIMENTO MORAIS FILHO



A Natércia, amiga estimada que sei que sofre por este momento.






Enquanto escrevo estas poucas linhas, é sepultado no cemitério do Gavião o corpo do poeta, pesquisador e ativista ambiental Nascimento Moraes Filho. Falecido na manhã de ontem (21/02), aos 86 anos, o escritor deixa em seus leitores a sensação de vazio, mas de certeza de que ele fez o melhor que pôde na defesa da cultura maranhense, do meio-ambiente, da poesia e dos valores éticos.

Além de grande poeta, um dos melhores de sua geração, Nascimento Morais Filho também deixou sua marca na historiografia literária maranhense ao redescobrir o talento de Maria Firmina dos Reis. Graças a ele e a seus esforços, hoje o Maranhão pode ler a obra da matriarca de nossas letras. Mas este não é o único débito que o Maranhense tem com esse brilhante escritor e pesquisador.

Defensor incansável dos valores de sua terra, o pesquisador também se debruçou sobre as trovas maranhenses esparsas em jornais do século XIX. Estudou também nomes como Frutuoso Ferreira, Estevão Rafael de Carvalho e Ladislau Henrique Maciel da Silva Aranha.

Dono de um estilo poético voltado para o social e para a defesa dos oprimidos, Nascimento Morais Filho era o típico escritor que não se calava diante das injustiças sociais e que encontrava nos versos as armas necessárias para mostrar que algo pode ser feito pelo bem da população, como pode ser visto no fragmento que ilustra o final desta postagem.

Nascimento Morais Filho é um daqueles nomes que só fizeram bem às letras e à evolução da pesquisa no Maranhão. Esperemos que seu nome não fique esquecido das gerações futuras e que suas obras possam ser lidas por jovens e adultos em futuras edições, um modo de preservar a memória desse homem que tanto lutou para que nossa terra tivesse sua própria memória.


ALGUMAS OBRAS DE NASCIMENTO MORAIS FILHO

Clamor da Hora Presente (poesia)
Azulejos (poesia)
Esfinge do Azul (poesia)
Pé-de-Conversa (pesquisa)
Cancioneiro Geral do Maranhão (pesquisa)
Esperando a Missa do Galo (pesquisa + coletânea)
Maria Firmina dos Reis – Fragmentos de uma vida (pesquisa)
Úrsula (edição fac-similar do romance de Maria Firmina dos Reis)
Cantos à Beira Mar (edição fac-similar do livros de Maria Firmina dos Reis
)


FRAGMENTO DE CLAMOR DA HORA PRESENTE

Ai de vós, Industriais da Miséria e da Injustiça!
Ai de vós
que desperdiçais em vossa lauta mesa
a comida que roubais da boca dos meus irmãos!
Ai de vós
que transformais em vinho de vossa adega
o sangue que sugais dos meus irmãos!

Ai de vós
que transformais em sons de “long play”
os soluções e os ais de meus irmãos!
Ò vós
que céus enegreceis de tantos crimes,
levantai-vos de vossa prostração!
- É outra vossa crença! É outro vosso culto!
- As vossas oblações ofendem a Deus,
Ó vós
que celebrais a Missa Negra da Miséria
e da Injustiça

FONTE: Clamor da Hora Presente – Edição Internacional, São Luís, 1992. pág. 31)


2 comentários:

  1. Realmente foi uma grande perda para nossas letras. Bela homenagem sua a esse que foi um grande nome na Literatura Maranhense.

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  2. Grande escritor, professor e ambientalista...
    a pouco tempo comecei a ler sobre ele e seus livros , e acabo de perceber que estou me apaixonando por assuntos por ele tratado...
    Sou maranhense e adoro esse lugar, assim como ele.

    Carolina Wolff
    04 de Janeiro de 2010

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