domingo, 18 de janeiro de 2009

VIANA NA MEMÓRIA DE SOEIRO


Nem todas as lembranças podem ser
afirmadas, com toda certeza,
quando elas são “Estórias” ou
quando começam a ser História,
pois, elas se confundem. (José Soeiro)


Ao Jermany, estimado aluno, neto de José Soeiro,
que me presenteou com os livros de seu avô.



Viajar, mesmo a trabalho, é uma oportunidade de conhecer outros lugares, outras pessoas, de respirar outros ares e de entrar em contato com outros pensamentos e outras culturas.

Semana passada, tive o prazer de conhecer Viana, uma cidade agradável, com gente simples e hospitaleira. Claro que uma semana é um tempo muito curto para alguém conhecer uma cidade, mas é o suficiente para ter uma imagem global. Além de conhecer vários vianenses, por causa da natureza do curso em que eu estava trabalhando, conheci também diversos moradores dos municípios que formam o entorno do município: Cajari, Penalva, Matinha, etc.

Além dos novos amigos que devo ter feito, tive a sorte de ser agraciado com dois livros de um autor local: José Soeiro.

Ao completar oitenta anos, José Soeiro acabou não só recebendo as homenagens devidas, mas também fazendo uma troca de presentes. Deu à história de sua terra natal uma gigantesca contribuição: publicou um livro intitulado TERRA QUERIDA, que é muito mais que uma autobiografia, é também um apanhado geral sobre muitos momentos da história de Viana. Em 94 páginas, boa parte da vida do autor é narrada em um estilo claro e vivaz. Sua história e a da cidade se amalgamam de tal maneira que em alguns pontos o leitor não poderá dissociar uma da outra. Depois de falar sobre seu nascimento, da constituição de sua família e diversos outros momentos de sua vida – sempre com um tom bastante crítico e dinâmico – Soeiro toca no ponto mais contundente da obra: sua relação com a política.

Ele rememora com boa dose de emoção a época em que foi vereador e a reticência da população com o fato de ter no legislativo municipal um representante negro. Narra sua saga ao escapar de assassinos profissionais contratados para impedir que um negro ocupasse a presidência da Câmara dos Vereadores e outras peripécias políticas.

Cinco anos após a primeira publicação, ao completar 85 anos, José Soeiro apareceu com um outro livro: VIANA TE AMAREI POR TODA VIDA, uma obra de referência para quem pretenda conhecer os primórdios e o estágio atual da cidade. Em um levantamento minucioso, amparado na memória e em pesquisas – que o autor faz questão de alertar que não têm cunho científico – o livro traz um pouco da história de Viana, seus prefeitos, seus povoados, momentos marcantes da cidade e muitas outras referências que servirão para futuros pesquisadores.

Consciente de seu papel de formador de opinião, José Soeiro, em suas obras não se limita a narrar fatos de sua vida, da cidade ou de sua família. Ele se imiscui no texto deixando sugestões para melhorar a região, critica mandatos e dá sua opinião sincera a respeito dos rumos da cidade. Ou seja, José Soeiro jamais abdica de seu papel de cidadão.

Pela regra, ao completar 90 anos, teremos mais um capítulo dessa história de um homem simples que coloca no papel bem mais que flashes de sua vida, mas sim lições de cidadania e a certeza de que a idade não deve ser obstáculo para a realização de sonhos. Para o bem de Viana e de sua memória... Vida longa a José Soeiro!

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